A comunicação acompanha-nos a todo o momento, seja como atores do processo seja como consumidores, ouvintes ou espetadores. Ela é própria à natureza e à organização da vida humana e até os animais percecionam sinais e expressões corporais, e comunicam por sons e comportamentos.
A comunicação é, por conseguinte, a chave da relação, do entendimento e, em última análise, da interação entre as pessoas, os grupos e a comunidade em geral. Compreender o fenómeno comunicacional e, como parte integrante deste, o papel que a informação desempenha na era digital e da mobilidade, é essencial à gestão eficaz da comunicação no período dramático de pandemia do novo coronavírus que todos estamos a viver.
Tanto discutimos o efeito disruptivo da revolução tecnológica e da digitalização na sociedade hodierna e, afinal, a maior disrupção global a que jamais assistimos chega-nos por intermédio de um vírus, que nem é um organismo vivo, apenas uma molécula de proteína. Não obstante, que impacto sanitário, económico e social tão tremendamente destruidor!
Estamos, então, completamente desarmados perante inimigo tão minúsculo, conquanto tão mortífero e inibidor da nossa vida em sociedade? Não! Dispomos de avançado conhecimento tecnológico e das ciências da vida, contamos com o empenhamento e o sacrifício heróicos dos nossos concidadãos profissionais de saúde e de emergência, e acreditamos que os nossos representantes democraticamente eleitos para os órgãos de soberania tudo farão para mitigar as consequências humanas e económicas desta crise avassaladora.
Mas para que nos preparemos para o pior esperando, mesmo assim, o melhor, temos todos de nos comportar com inteligência, civismo e elevado sentido do interesse comum. Resultará? Acreditemos que sim e no papel da comunicação, uma função absolutamente crítica.
Aceder a fontes fidedignas e manejar informação científica comprovada é indispensável para os especialistas de saúde pública, epidemiologia, imunologia, infeciologia, cuidados intensivos ou, até, matemática.
Dispor de big data, estatísticas epidemiológicas, cenários de progressão da Covid-19, mapas de georreferenciação, reportes hospitalares e de proteção civil, dados logísticos e de mobilidade é condição para a gestão de riscos e activação de planos de contingência pelos poderes públicos.
Estar bem informado a respeito das regras e boas práticas de proteção individual e familiar, das formas de contágio e da natureza da doença, da evolução do surto e das orientações transmitidas pelas autoridades de saúde, através dos meios de comunicação social, das redes sociais, dos canais digitais e das comunicações interpessoais, é um dever de cidadania.
É da conjugação inteligente das diferentes componentes do processo comunicacional e da oportunidade, consistência e eficácia das mensagens emitidas pelos líderes, gestores de crise e influenciadores de opinião, difundidas através dos canais hoje mais populares, tradicionais e digitais, que pode resultar a compreensão, o convencimento, a unidade em torno de uma vontade coletiva de confinamento e entreajuda.
Sabemos que o poder da comunicação e a impacto das mensagens influenciam os comportamentos, os consumos, os gestos, os sentimentos. Vimos como, mobilizados pelas comunidades digitais, nos congregámos no agradecimento aos profissionais de saúde, às forças de segurança, aos cuidadores e a todos quantos continuam, com o seu trabalho ou o seu voluntariado, a mover as atividades produtivas ou de serviço do país.
Assim seja eficiente a comunicação e convincente o apelo do Presidente da República, do Primeiro Ministro, da Direção Geral da Saúde e das demais autoridades para ficarmos em casa. Se sintonizarmos a boa cidadania e respeitarmos as orientações, então… VAI FICAR TUDO BEM!
Maria Paula Branco
Diretora Executiva